quinta-feira, 29 de abril de 2010
Dança
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Poetizando o Apocalipse
O amor (1923)
Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo cotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
―Camaradas!
atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que
doravante
a família
seja:
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Patrimônio & Educação
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Escreva que eu te leio
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Arte Urbana - Grafite
A arte urbana de Alexandre Orion
Divulgação |
Alexandre Orion trabalha em Ossário: “o crime do grafite está na tinta ou na mensagem? |
Endrigo Chiri Braz
Alexandre Orion, o artista visual responsável pela capa desta edição da revista CULT, está longe de ser um artista de rua comum que se apropria dos muros da cidade para pintar. Latas de spray não são suficientes para expressar suas ideias e conceitos. Orion mergulha no caos e dança com o acaso e, depois de muito refletir, surge nas ruas da cidade com obras de arte que, além de massagear as pupilas, colocam os neurônios para trabalhar. A imagem de capa é uma das muitas que compõem a série Metabiótica, produzida em 2002. Orion aproxima a ficção da realidade com o compromisso da casualidade. É um trabalho de intervenção urbana que mescla o estêncil [técnica de grafite], a fotografia e os milhares de transeuntes que circulam pela cidade.
A imagem do sujeito ficcional gritando com um megafone na orelha de um mendigo real levou meses para ser produzida. O artista escolheu o muro, desenvolveu o estêncil e, munido de máquina fotográfica, esperou por dias a fio até que alguém interagisse de maneira apropriada com o desenho estampado na parede. A série, que conta com quase 20 imagens, foi exposta no mundo inteiro, virou livro e hoje se encaixa perfeitamente ao tema do Dossiê desta edição. Em seu trabalho batizado deOssário, Orion investigou a poluição que pinta de preto os túneis da cidade e desenvolveu uma técnica de grafite reverso, arte menos poluição. Na entrevista a seguir, ele conta como o caos e o acaso atuam em seu trabalho.
CULT – Quando e como você despertou para a arte urbana? Antes de ir para as ruas, você já era um artista plástico indoor?
Alexandre Orion – Desde moleque eu desenho e pinto. Aos 13 anos, sob influência da cultura do skate e do hip hop, eu fui pra rua fazer meu primeiro trabalho na parede. E segui fazendo grafite nas ruas até que comecei a fazer tatuagem. Eu tatuava desenhos exclusivos, o que foi uma ponte para a ilustração, depois para a direção de arte de revistas, até que abri mão de tudo e voltei pra rua com o projeto Metabiótica na cabeça. O curso superior em artes visuais veio depois disso, surgiu bem tarde na minha vida.
CULT – Atualmente, você se dedica integralmente ao trabalho de artista plástico?
Orion – Sim. Não foi algo natural, mas uma decisão que tomei alguns anos atrás e que envolve dedicação e abdicação.
CULT – Toda intervenção urbana, por si só, já lida com o imprevisto. Em Metabióticavocê adicionou o acaso a essa equação. Qual o papel dele na obra e sua importância para o contexto?
Orion – O acaso é o momento mais importante do trabalho, pois é nesse registro da interação espontânea das pessoas que o conceito Metabiótica nasce. Tudo acontece de verdade, sem interferências nem poses, porém o resultado parece falso. Mas, além de uma questão conceitual, a espera é o momento em que os passantes tomam parte do processo tornando-se personagens e coautores dele, acrescentando coisas que eu jamais poderia imaginar.
CULT – A marca do seu trabalho é acrescentar outros elementos ao grafite, às técnicas de arte de rua em si, como a fotografia, os transeuntes. Saberia dizer de onde veio isso? Acredita que trabalhando com uma gama maior de elementos o recado é dado de forma mais impactante?
Orion – Meus projetos surgem do pensamento, penso muito antes de começar algo. Em Metabiótica, tentei resolver grandes incômodos que tinha em relação ao grafite e à fotografia. Sempre me preocupou a ideia de o grafite ser egoísta, de usar o espaço público para expressar algo pessoal, e eu queria que ele fizesse parte da vida, queria que a cidade não fosse apenas o suporte, mas a plataforma. E na fotografia me aborrecia muito essa carga de verdade que ela tem, essa ideia de que tudo que é fotográfico é real, existe ou existiu. As fotografias da série Metabiótica são todas espontâneas, tudo aconteceu de verdade, mas esse diálogo entre pintura e fotografia cria um desconforto, dá a sensação de que há uma montagem que não existiu. Em Ossário a demanda era outra. Visitei um dos túneis de São Paulo, saí de lá com a certeza de que podia desenhar limpando, mas também assustado com a quantidade de poluição que encontrei. A ideia da intervenção concretizou-se quando entendi de que maneira eu usaria a técnica para construir o discurso. E esse é o dado mais importante do Ossário: a relação intrínseca entre a técnica, o local e o discurso. Uma coisa conduz a outra.
CULT – Como surgiu a ideia de Ossário?
Orion – Na ocasião da inauguração, em 2004, as laterais do túnel Max Feffer eram amarelas, mas, poucos meses depois, reparei que elas haviam ficado pretas. Por curiosidade, numa madrugada, eu entrei no túnel para ver o que tinha acontecido. Eu achava que era por causa da luz, não imaginei que fosse poluição. Ali descobri que, além de ser pura fuligem, passando o dedo você tirava a sujeira com uma linha de contraste boa. Fiquei com aquilo na cabeça quase dois anos. Eu levei um tempo para juntar a possibilidade técnica que havia descoberto com o susto de perceber que aquilo era poluição.
CULT – Desde o início, a intenção de Ossário era despertar a atenção das pessoas para a poluição, para a quantidade de gases nocivos que inalamos diariamente? Ou a obra foi ganhando esse entorno de “protesto ecológico” conforme se espalhava pela internet?
Orion – Essa era, sem dúvida, uma das intenções. Mas Ossário é construída com base na ideia de crime. Temos o crime ambiental que é a poluição, temos o descaso do poder público na manutenção desses túneis, tem a provocação do grafite reverso: o crime do grafite está na tinta, como diz a lei, ou na mensagem? E termina com a lavagem da prefeitura que, após 17 madrugadas de trabalho, apareceu para lavar apenas os 300 metros em que eu havia feito a intervenção. Censura? Além disso, quando critico a poluição, critico também a indústria automobilística, a indústria petrolífera e toda a lógica capitalista que fundamenta esse modelo inviável de sociedade do automóvel, do trânsito que não transita e dos empreendimentos imobiliários com cinco vagas na garagem. Hoje os carros dormem melhor que as pessoas. É ridículo.
CULT – O despreparo do poder público ao lidar com sua intervenção era esperado ou foi mais uma surpresa do processo?
Orion – Eu talvez nem chame de despreparo, porque a situação que Ossário propunha não permitia qualquer tipo de preparação. Eu esperava as abordagens da polícia e, conforme a intervenção avançava pelo túnel, tive certeza de que eles lavariam. Mas cada situação é nova e surpreendente. O diálogo com a polícia e a CET sempre tinha um “quê” dadaísta.
CULT – E como você analisa o comportamento das autoridades?
Orion – Elas fizeram o papel delas. A polícia podia ser agressiva ou educada, mas a conclusão foi sempre a mesma. Como não havia crime, ela ia embora. A única maneira de impedir a intervenção era lavar o túnel, e assim foi.
CULT – E do que é composta a exposição Ossário, que está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo?
Orion – Esta exposição é documental, não tem intenção de recriar nada. De fato, o trabalho estético se esvaziaria se trouxesse a obra para um espaço institucional. São fotos, textos, o vídeo, que foi o mais visto do YouTube por um bom tempo. Eu reproduzi o túnel com carvão vegetal, um material atóxico, e o resultado é exatamente o mesmo. Mas é um documento da sensação, jamais um desdobramento ou réplica, até porque isso seria bobo. Toda tentativa de produzir um lance feito na rua é falha.
Fonte: Revista Cult (on line)
Teatro
Teatro
O teatro como conhecemos hoje tem origem na Grécia Antiga; mas sua origem é muito mais antiga, ele reflete o espírito lúdico, a nossa potência imaginativa para jogar com a realidade. Para as culturas primitivas, o teatro tem um sentido de ritual mágico para agrada aos deuses e ser favorecidos na caça ou na colheita. Os dramaturgos gregos criaram um jeito de contar histórias do modo como hoje conhecemos e que chamamos de teatro.
Exemplo de uma tragédia grega, As Bacantes de Eurípedes, em uma montagem do Teatro Oficina com a direção de Zé Celso Martinez Corrêa.